Marcus Ramaciotti. 1956 - 2020

Obrigado querido amigo.

Marcus Ramaciotti, o grande Marcus Ramaciotti, nos deixou...
Mas não se entregou facilmente não, guerreiro, lutou brava e exemplarmente contra as enfermidades que o acometeram nos últimos anos.

Também conhecido simplesmente como “Marcão”, “Grandão”, “Ramá”, “Ramaciotti” ou “Chefe”, “Diretor”, “Chefia”, “Mestre” (esse último ele sempre respondia com: “Menos, menos, não é para tanto. Quem me dera...”), entre outros apelidos e títulos, num sem-número de designações que lhe eram dirigidas e as quais ele sempre respondia pronta e educadamente com um largo sorriso no rosto.

Aliás, essa educação, assim como a cordialidade e respeito, marcavam sua atuação como diretor de provas de automobilismo e presidente do Conselho Técnico e Desportivo na FASP (Federação de Automobilismo de São Paulo), fosse ministrando os briefings de pré-prova para pilotos e equipes ou para fotógrafos e cinegrafistas, fosse respondendo a consultas de pilotos e chefes de equipes (inclusive fora da Torre de Controle), fosse no grid dando aquela última palavra de segurança e conforto aos pilotos já em seus bólidos, minutos antes da largada.

Falando em segurança, Ramaciotti sempre demonstrou um zelo absurdo com esse tema, deixando claro que nada deveria superar e nem mesmo se sobrepor a segurança na pista. Consciente dos riscos do esporte, se desdobrava das mais variadas formas para assegurar que esse fosse sempre praticado com toda a segurança, nunca deixando-a sucumbir à paixão. Fosse durante as provas e/ou treinos nos autódromos, fosse na elaboração de regulamentos técnicos desportivos ou em reuniões na sede da Federação, com quem quer que solicitasse. “Segurança sempre em primeiro lugar!” era uma de suas frases mais conhecidas.

Um “paizão” de todos os pilotos, essa talvez seja a denominação que mais revele a preocupação de Ramaciotti com a segurança dos que ali estavam para acelerar.

“Tenho que zelar pela segurança de todos os que estão aqui para correr, do piloto profissional, do piloto amador, do gentleman driver, do piloto que não está nem aí para a própria segurança nem muito menos para com a dos demais, do piloto gente boa e do piloto mal criado e bocudo, todos são importantes, não há exceção quando o que está em jogo são vidas humanas!”, dizia o Grandão.

Nadador, sim, Ramaciotti foi atleta enquanto jovem, marcou presença em provas regionais de natação em mar aberto - isso mesmo, mar abeto(!) - (tinha histórias hilárias sobre isso), mas também era apaixonado por Rádio Amador, nunca perdendo uma oportunidade de se comunicar através das ondas magnéticas e mandando as: “Abrindo aqui PY20Z, alguém copia? Alguém pra Balançar os queixos (modular)?”.

Marido da Di Gomes Ramaciotti e pai do Marcelo Gomes, vulgo “Torrão”, deixava transparecer o amor por essas duas pessoas as quais ele sempre que possível tentava ter junto dele em domingos de trabalho no Autódromo de Interlagos, palco de suas mais constantes atuações.

Tinha imenso orgulho em poder trabalhar com o filho, que é piloto do Safety Car, sabendo separar o “pai” do “diretor de provas”, como quando precisava se comunicar com o filho pelo rádio, o tratava de “Safety Car”, no máximo “Torrão” (e eventualmente de Marcelo), mas nunca de filho, chegando a afirmar por diversas vezes que: “Aqui não somos pai e filho, somos profissionais, temos obrigações a cumprir e devemos colocar a segurança em primeiro lugar. Não podemos deixar espaços para o amadorismo”. Então, não era raro acionar o filho ao comando do Safety Car lançando mão de: “Safety Car, na escuta?”, “Segura os caras, Safety Car”, “Tá contigo, Safety Car”.

Ainda sobre o tópico “ser pai de piloto”, por incrível que pareça Ramaciotti tinha lá suas peculiaridades e dizia ser mais fácil ser diretor de provas do que “pai de piloto”. “É muito difícil não ficar apreensivo, por mais que a gente transpareça calma”, dizia aquele cara alto de marcantes olhos azuis, que abria mão da função de Diretor de Provas nas corridas em que o filho estava oficialmente competindo no mesmo dia.

Enfim, esses são alguns fragmentos das ótimas lembranças que nós, na Fórmula Inter, guardaremos com carinho desse cara querido e incomparável, que faz parte da nossa história, que sempre esteve disposto a efetivamente ajudar, colaborando de verdade para que pudéssemos levar mais sonhadores como nós a realizar o sonho de viver o automobilismo em toda a sua plenitude, ainda que dentro das realidades individuais, mas fomentando a prática segura e prazerosa do esporte que tanto amamos.

Sentiremos muita falta, de seus briefings, conselhos e principalmente do convívio... Siga em paz, Diretor! Siga em paz amigo Marcão e muito obrigado por tudo.
 

Assessor de Imprensa: Ronaldo Arrighi – ronaldo@formulainter.com.br
Imagem: Reprodução/rede social

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